quarta-feira, 21 de junho de 2017

HAVOC SERIES – OS LOUCOS DA ILHA DE MAN

As belas paisagens da Ilha de Man sediam a mais louca competição de motos do mundo. E já completa um século de existência...


            De volta com uma postagem de vídeos, hoje falo um pouco de uma das mais tradicionais provas de motociclismo do mundo: a Isle of Man Tourist Throphy, ou simplesmente Troféu Turístico da Ilha de Man. Para quem não conhece, a Ilha de Man é um pequeno arquipélago situado entre o Reino Unido e a Irlanda. É formado por uma ilha principal, e várias ilhotas menores, com uma área total de 572 Km e uma população residente de pouco mais de 80 mil habitantes.
            Oficialmente, é uma Dependência da Coroa Britânica, mas com autonomia administrativa, com direito a governador e parlamento próprios. A capital é a cidade de Douglas, que junto com Ramsey e Castletown, compõem as únicas “cidades” de fato da ilha, que possui ainda diversos vilarejos, ou vilas rurais espalhadas pelo território da ilha. A ilha dispõe de uma linha ferroviária com alguns ramais ligando suas cidades, e várias rodovias. E é nestas rodovias que cortam a ilha que acontece, há praticamente um século, a prova mencionada acima.
            Tudo começou quando o governo britânico, através do Parlmento, instituiu em 1903 um limite de velocidade de 32 km/h no Reino Unido, o que inviabilizaria disputas automobilísticas nas vias públicas britânicas. A solução foi recorrer ao governo da pequena ilha e transferir as corridas para lá, o que foi feito. Assim, em 1907, foi realizada a primeira edição da Tourist Trophy, e a corrida nunca mais parou de ser realizada, até hoje, sendo suspensa apenas por ocasião das duas Grandes Guerras Mundiais, tanto que a edição deste ano, realizada durante os dias 27 de maio a 9 de junho, foi a 98ª edição da competição, que conta praticamente com uma semana de treinos, e outra de corrida, atraindo diversos participantes, e fãs da velocidade do mundo inteiro.
            O que diferencia esta corrida das demais provas do motociclismo é que ela é feita inteiramente em vias públicas, sejam elas rurais, ou urbanas. O percurso utilizado para a prova tem nada menos do que 60 Km de extensão, e mais de 200 curvas em toda a sua extensão, e é chamado de Snaefell Mountain Course. E com um detalhe bem interessante, e arrepiante: boa parte da pista não tem áreas de escape, e nem mesmo guard-rails de proteção. É isso mesmo: os pilotos passam com suas máquinas por vezes a centímetros da calçada, muros, e quaisquer outros obstáculos. Há subidas e descidas, e não é raro os competidores “voarem baixo” com suas máquinas, no sentido literal da palavra. Em outras ocasiões, é preciso domar as motos com maestria, como se estivesse em cima de um cavalo xucro. E dá-lhe saltos e balançadas, algumas no limite do possível. Um erro, e o piloto já era, dependendo da situação, o que não é difícil de ocorrer. Os pilotos atingem facilmente os 300 Km/h de velocidade em vários trechos. Na seleção de vídeos abaixo, é possível ver a velocidade que eles atingem, e ficar até assustado com as “finas” que eles tiram durante o percurso.
O traçado da prova do Tourist Trophy. Só para os destemidos... Ou doidos de pedra, na opinião de muitos...
            Sim, é o que vocês estão pensando: a segurança é mínima em vários trechos. Não por acaso, a prova, que já chegou a fazer parte do Mundial de Motovelocidade, acabou excluída justamente por estas condições de segurança primárias. E a exclusão não é sem motivo: até o ano passado, a corrida já tinha vitimado, entre pilotos, espectadores, funcionários e outros, cerca de 266 pessoas. E olha que, nos últimos tempos, para poder participar da corrida, os organizadores estabeleceram a regra de o candidato ter de participar de outras corridas, a fim de provar ter a capacidade de dirigir em alta velocidade e saber dominar o seu veículo de competição. Antigamente, praticamente qualquer um podia se inscrever, o que só aumentava a admiração (ou o receio) de ver aqueles loucos acelerando suas máquinas por aquelas ruas e estradas. Durante o evento, em um domingo é aberta a pista para qualquer um tentar a sorte, por sua conta e risco, obviamente, já que não há limite de velocidade imposto. Este dia acabou sendo chamado de “Mad Sunday”, ou o “Domingo Maluco”, e se a competição já é uma loucura com pilotos qualificados, imagine então com pessoas “comuns”. Doideira pura...
            É praticamente uma disputa pela emoção. A premiação em dinheiro nem é tão significativa, perto do que se vê em outras categorias de disputa do mundo do esporte a motor, mas quem lá compete está presente pelo desafio e a adrenalina. E a prova nem é disputada como as corridas convencionais: A largada é individual e cada piloto sai com 10 segundos de intervalo uns dos outros. A disputa não é para quem chega primeiro, e sim para quem termina a corrida no menor tempo relativo. Não basta simplesmente vencer os seus oponentes: é uma questão de vencer a pista. O que não impede os pilotos de acabarem travando duelos acirrados durante o percurso, devido às diferenças de ritmo que acabam surgindo entre alguns competidores, mais ousados e arrojados (ou simplesmente pinéis), que acabam alcançando o piloto que saiu imediatamente antes. E nesta hora, o bicho costuma pegar até mais.
Os competidores "voam baixo" no sentido literal da palavra, e sem aliviar no acelerador... Adrenalina a mil, para quem compete, e para quem assiste...
            São praticamente 9 “categorias” de equipamentos e classes, assim divididas: RST Superbike; Sure Sidecar Race #1; Monster Energy Supersport Race #1; RL360 Superstock; Monster Energy Supersport Race #2; Bennetts Lightweight; SES TT Zero; Sure Sidecar Race #2; e a PokerStars Senior. Todas elas com seus participantes e resultados. E tomem participantes: só na RST Superbike tivemos este ano 42 participantes, número repetido na maioria das outras categorias, sendo que as classes de sidecar tiveram 19 participantes cada um. Mas é preciso lembrar que um sidecar leva duas pessoas, então, consideremos aí 38 participantes, em duplas. Só lembro de ver quase tanta gente assim em um evento nas provas da endurance, e olhe lá...
            E, como não poderia deixar de haver, o Isle Of Man TT também tem seus recordistas. Quem venceu mais vezes a prova foi o piloto Joey Dunlop, com nada menos do que 26 triunfos, o que muitos consideram um feito estrondoso. O segundo mais vitorioso nesta corrida maluca foi John McGuinness, com 20 vitórias, enquanto Mike Hailwood fica em 3º lugar no ranking, com 14 vitórias. Haja coração! E o recorde da volta no circuito pertence a Michael Dunlop, com o tempo de 16min53s929, obtido no ano passado, pilotando uma BMW S1000RR. Devido à extensão da pista, as corridas tem poucas voltas, variando entre as diferentes categorias.
            Mas esta é uma postagem de vídeos, portanto, vamos ao que interessa, e confiram abaixo algumas imagens do que é esta prova, com algumas cenas alucinantes, seja pela velocidade com que os competidores passam na frente da câmera, ou da postura do público acompanhando a prova. O primeiro vídeo, postado no Yuo Tube pelo usuário Lockk9 TT Racing, dá uma pequena amostra do que é esta prova, e dos belos locais por onde os competidores passam. Vejam só:



            O vídeo seguinte, postado pelo usuário žan zaponšek, mostra algumas imagens da prova disputada neste ano, com alguns competidores acelerando mais fundo do que nunca. Observem, e vejam como são os lados da pista em vários locais. É preciso ter alguns parafusos a menos para acelerar daquele jeito, ou alguns dizem que é melhor mesmo jogar o cérebro fora... Tirem suas próprias conclusões:



            Mas esta é uma corrida perigosa, e o vídeo a seguir mostra alguns dos percalços enfrentados pelos pilotos na edição deste ano, com alguns pilotos tendo sorte de não se acidentarem de forma grave, enquanto outros literalmente saíram voando no pior sentido da palavra. O vídeo foi postado no You Tube pelo usuário MotorHome. Vejam como o pessoal se estrumbica nesta competição:



            Ah, sim... Eu mencionei que também tem as categorias sidecar, não? Portanto, confiram o vídeo abaixo, do usuário TheAhwa, que mostra como é acelerar estas bagaças pelo traçado da Ilha de Man. Se já parece loucura com as motos, não fica menos doido com os sidecars. A velocidade é um pouco menor, mas o resto... Vejam por si mesmos:



            No próximo vídeo, postado pelo usuário Bike Throttle no You Tube, voltamos às quedas, tombos, e vários infortúnios enfrentados pelos competidores, com resultados pra lá de variados. A descrição fala que ninguém morreu nestas cacetadas, o que é um alívio, mas tem algumas cenas que deixam a gente em dúvida sobre isso, dada a violência de certas pancadas. Vejam:



            Fechando esta postagem de vídeos, encerro com esta reportagem que mostra um pouco sobre a história da prova, com algumas cenas de disputa ao longo de um século de disputas, e alguns dos acidentes, com citações àqueles que não tiveram sorte em seus azares na competição. O vídeo foi postado pelo usuário ali çalhan, e ajustando as configurações, dá para ativar legendas e uma tradução pra lá de deficiente em português sobre o que é falado, masé um vídeo interessante sobre a corrida. Confiram:



            Por hoje é só. Apreciem os vídeos, e até a próxima sessão Havoc Series.

Um comentário:

Unknown disse...

Faltou um vídeo contendo uma volta completa on board.
https://www.youtube.com/watch?v=KFJSVtsckyI